Através de Teleconferência
21 de maio de 2020
Sr. BROWN: Obrigado. Bom dia a todos. Bem-vindos a este briefing gravado com o nosso Secretário-Adjunto do Gabinete dos Assuntos Africanos, Tibor Nagy, que tem um dos melhores nomes do Departamento de Estado. Ainda ontem, o Secretário Pompeo anunciou mais US$ 162 milhões em ajuda externa para beneficiar a resposta global à COVID, elevando o total dos nossos contributos para mais de mil milhões de dólares desde o início do surto. A assistência a 39 países do continente africano, de Angola ao Zimbabué e a três agrupamentos regionais – o Sahel, a África Ocidental e a África Subsariana – constitui uma componente essencial deste esforço.
Mas o envolvimento e o compromisso dos EUA com África vão muito além da nossa resposta à COVID. Estamos a trabalhar no crescimento económico, na segurança, na educação e no desenvolvimento sustentável. O Secretário-Adjunto Nagy vai dar-nos a conhecer as últimas novidades.
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SECRETÁRIO-ADJUNTO NAGY: Muito obrigado, Cale.
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Falei com um grupo de jornalistas de África há algumas semanas, e o que então disse tem de ser repetido. Depois de toda uma carreira a viver e a trabalhar neste continente, estou tão otimista como sempre, que não só vamos ultrapassar isto, mas que a nossa relação com o povo africano sairá ainda mais forte.
Atualmente, a COVID-19 ocupa a maior parte das notícias e da nossa energia, e é compreensível que assim seja. Mas a nossa parceria de longa data com África relativamente a outras questões também continua. Quer se trate de trabalhar em conjunto em prol da boa governação, do aumento do comércio e do investimento, do reforço do desenvolvimento do espírito empresarial dos jovens e das mulheres em África, ou do aumento da segurança, o nosso compromisso para com o povo africano é tão forte como sempre foi. Sei que o povo do Burundi foi ontem às urnas. Os resultados preliminares serão publicados na próxima terça-feira. Como disse ontem o Secretário de Estado, instamos todas as partes a absterem-se de provocações ou violência, a respeitarem os direitos democráticos de todos os cidadãos e a utilizarem os procedimentos legais estabelecidos para tratar potenciais queixas.
Estou otimista quanto ao potencial de progresso nas relações entre os EUA e o Burundi após estas eleições. Aplaudimos o Governo francês, um mecanismo residual internacional para os tribunais penais, pela detenção, no passado fim-de-semana, de Felicien Kabuga, acusado de ter desempenhado um papel fundamental no genocídio de 1994 no Ruanda. Este é um marco para a justiça internacional e uma mensagem a todos aqueles que cometem genocídios e outros crimes atrozes de que serão levados a tribunal. Os Estados Unidos continuam empenhados em procurar justiça para as vítimas do genocídio e em promover a responsabilização por todos esses crimes em todo o mundo.
O Secretário Pompeo tem salientado repetidamente que chegou o momento de reforçar as parcerias de longa data da América com os nossos amigos africanos, e essa parceria tem continuado a crescer cada vez mais sob a liderança do Presidente Trump. Com o atual enfoque global na saúde pública, há que reforçar que os Estados Unidos são de longe a maior nação doadora de África, tendo atribuído mais de US$ 100 mil milhões nos últimos 20 anos à saúde pública no continente africano e formado mais de 285.000 profissionais de saúde. Milhões de vidas foram salvas com as nossas iniciativas. Só com o PEPFAR, foram salvas mais de 18 milhões de vidas ao longo de 18 anos, e a Iniciativa Presidencial contra a Malária, ou PMI, ajudou a salvar mais de 7 milhões de vidas, prevenindo simultaneamente mais de mil milhões de casos de malária nos últimos 20 anos.
E agora, na luta contra a COVID-19, mais uma vez, nenhuma outra nação está a fazer mais do que nós. Dos mais de US$ 900 milhões que o Governo dos Estados Unidos disponibilizou, a nível mundial, para combater o vírus, perto de US$ 270 milhões destinam-se à África Subsariana.
Após esta introdução, vou parar e passar-vos a palavra.
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Sr. BROWN: Certo. Não estou a ouvir nada. Vamos tentar a Barbara Usher.
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PERGUNTA: Obrigada. Bom dia. Gostaria de saber se o Departamento de Estado tem uma avaliação e/ou uma projeção no que se refere à COVID-19 em África. Sei que é uma grande questão, mas, em termos gerais, o que tenho vindo a perceber é que há muito menos casos – casos confirmados e outros, mas uma espécie de previsões terríveis de que tudo isto poderá explodir. Tem uma opinião a esse respeito?
SECRETÁRIO-ADJUNTO NAGY: Muito obrigado, Bárbara. Uau, essa é uma daquelas perguntas realmente difíceis, e esta é a situação: claro que todos vocês sabem como a África Subsariana é imensa com os seus 51 países e – mas há alguns pontos em comum que eu posso estabelecer, e eles funcionam de forma contraditória. Em primeiro lugar, a África continua a ser maioritariamente rural. Penso que a taxa de urbanização é até agora de cerca de 40% – alguns países são muito mais urbanos do que outros, por exemplo, a África do Sul.
O segundo ponto é que a população de África é incrivelmente jovem. Aqueles que vivem em lugares como os Estados Unidos, não conseguem avaliar plenamente o quão jovem e juvenil é a população de África.
Ponto três: Infelizmente, qualquer pessoa em África tem a probabilidade de ter tido algum tipo de doença grave na sua vida, quer se tratasse de malária ou disenteria, ou muitas outras doenças. Portanto, estes fatores jogam uns contra os outros, e depois há que acrescentar a isso a falta de dados realmente bons. Mais uma vez, sendo um continente tão vasto com tantos países diferentes, há alguns países – por exemplo, a África do Sul – que apresentam estatísticas e medição de dados bastante boas, e depois há outros. Estávamos a falar da Tanzânia, que deixou de fornecer quaisquer dados. Portanto, quando não se tem acesso aos – certamente ao número de kits de teste, aos sistemas de saúde fundamentais, ou aos dados, simplesmente não se sabe. Portanto, não faz qualquer sentido.
As nossas embaixadas em todo o continente – recebo literalmente relatórios diários de todas as embaixadas sobre o que está a acontecer nos seus jardins, e mesmo aí alguns dos números parecem ser extraordinariamente baixos. E dizemos para nós próprios: “Não pode ser”. Mas depois o assunto complica-se ainda mais com a questão do distanciamento social. Quer dizer, no mundo desenvolvido, nós – sim, houve constrangimentos e tudo, mas o distanciamento social, na sua maior parte, funcionou relativamente bem.
Em África, onde há grandes segmentos da população que vivem literalmente o dia-a-dia, e que existem na economia informal, e que vivem em habitações lado-a-lado em bairros de lata urbanos, não há maneira nenhuma de implementar qualquer tipo de distanciamento social sério, especialmente a longo prazo. Portanto, muito rapidamente, essas atividades regressarão ao que têm sempre de fazer, porque se tivermos de escolher entre a possibilidade de contrair a COVID ou não comer ou não ter água potável fresca, é – infelizmente, não é uma escolha muito difícil de fazer.
Assim, tendo em conta todos estes fatores, penso que ninguém lhe pode dizer com certeza qual é a situação no continente.
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Sr. BROWN: Ok, vamos tentar novamente com Jessica Donati do Wall Street Journal. Acho que ela pode estar listada como Beth Donati na sua fila.
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PERGUNTA: Ok, ótimo. Obrigada. Estava apenas a pensar se poderia falar sobre os repatriamentos ainda em curso em África e quais os países que ainda estão a repatriar americanos. E há algum problema em conseguir que o governo coopere nesta situação?
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SECRETÁRIO-ADJUNTO NAGY: Sobre os repatriamentos no continente, mais uma vez, devo dizer que é uma – como fiz para a situação geral da COVID em todo o continente, varia muito de país para país. Tivemos um êxito extraordinário ao conseguirmos evacuar cidadãos americanos. Creio que agora somos mais de 14.000. Pode haver alguns milhares espalhados por todo o continente. Mas agora passámos dos voos muito grandes, com várias centenas de pessoas de um destino, para literalmente irmos de um lugar para outro e apanharmos meia dúzia de pessoas.
E vocês que trabalham para – com África, sabem, mais uma vez, é impossível descrever quão imensamente grande é o continente. Portanto, se estão a fazer uma daquelas entre-aspas “milk runs” que podem começar num lugar na África Oriental, seguir para o centro, ir para o sul, voltar para o oeste e depois vir para os Estados Unidos, estão a falar de uma logística muito, muito complicada. Quero dizer, tiro o chapéu às nossas incríveis embaixadas, que têm feito isto com pessoal reduzido, com o apoio da sede aqui no Departamento de Estado, do Gabinete de Gestão, dos Serviços Médicos, do nosso próprio Gabinete do Diretor Executivo, e depois de várias companhias aéreas. E entre as companhias aéreas africanas, tenho de citar a Ethiopian Airlines. Têm sido enormemente, enormemente úteis na sua disponibilidade para fretarmos os seus aviões para recolherem os nossos cidadãos independentemente do local onde se encontravam.
Por isso, foi um esforço incrível. Estou tão satisfeito. Nos meus mais de 40 anos de serviço governamental, nunca estive envolvido num esforço semelhante, e nunca me senti tão orgulhoso dos nossos funcionários em geral, desde as pessoas aqui no Departamento de Estado ao pessoal das nossas embaixadas, especialmente – especialmente – nas pequenas embaixadas que têm feito estes repatriamentos em circunstâncias extremamente difíceis.
E tiro o chapéu também aos governos africanos. Esta tarde falarei com todos os diplomatas africanos em Washington, e os governos africanos têm sido apenas extraordinariamente cooperantes. E não se trata apenas de dizer sim, vamos deixar o seu avião entrar e apanhar X número de cidadãos, mas, como disse, esses aviões têm de percorrer rotas sinuosas, e isso implica também obter autorizações de sobrevoo de todos os países que estão a sobrevoar. E estamos a pedir-lhes que o façam literalmente em horas e não em dias. E são também ministérios dos Negócios Estrangeiros que não têm pessoal ou que estão em casa a tentar fazer isto.
Portanto, tem sido realmente um esforço incrível. Estou tão orgulhoso de tantas, tantas pessoas diferentes por terem sido capazes de estarem disponíveis para os nossos cidadãos. Temos de recordar que foi por isso que o Departamento de Estado surgiu. Era para cuidar dos cidadãos americanos no estrangeiro, e essa continua a ser a nossa primeira, segunda, terceira e quarta prioridades mais elevadas. Terminei.
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Sr. BROWN: OK. Obrigado. Secretário-Adjunto Nagy, agradeço-lhe pelo seu briefing de hoje.
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SECRETÁRIO-ADJUNTO NAGY: Muito obrigado, Cale.