Sessão Digital sobre as Prioridades Atuais da USAID relativamente ao Desenvolvimento e Resposta de Assistência ao COVID-19 em África SESSÃO ESPECIAL P

DR. KENNETH STALEY, COORDENADOR GLOBAL DA USAID PARA A MALÁRIA E LÍDER DA FORÇA TAREFA CONTRA O COVID-19, E SR. CHRISTOPHER RUNYAN, COORDERNADOR SÉNIOR DO GABINETE PARA ÁFRICA
4 DE JUNHO DE 2020Moderadora:  Boa tarde a todos desde o Centro Regional de Imprensa de África do Departamento de Estado dos E.U. Gostaria de dar as boas vindas aos nossos participantes de todo o continente e agradecer-vos por participarem nesta discussão.Hoje temos o prazer de ter connosco o Dr. Kenneth Staley da Agência dos E.U. para o Desenvolvimento Internacional, Coordenador Global da Malária e líder da Força Tarefa contra o COVID-19 da USAID, e o Sr. Christopher Runyan, Coordenador Sénior do Gabinete para África.

Os nossos interlocutores falarão das prioridades atuais da USAID relativamente ao desenvolvimento e resposta de assistência ao COVID-19 em África. Falarão connosco a partir de Washington D.C.

Começamos a chamada de hoje com as considerações iniciais do Dr. Kenneth Staley e do Sr. Christopher Runyan. A seguir passaremos às vossas questões.

Recordo-vos que a sessão de hoje é on the record. Dito isto, passo ao Dr. Kenneth Staley para as suas considerações iniciais. Dr. Staley.

Dr. Staley:  Muito obrigado, Sra. Scott, e obrigado a todos por se juntarem a nós para discutir a resposta global dos Estados Unidos ao COVID-19 e a forma como a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional está a trabalhar com o Departamento de Estado para providenciar assistência a países em toda a África.

Através da generosidade do povo americano e da ação do nosso governo, continuamos a demonstrar a liderança global estabelecendo parceria convosco face à pandemia do COVID-19 em todo o continente africano.

Até à data, investimos mais de US$ 1 bilião em benefício da resposta global ao COVID, e queremos garantir a todos que continuaremos a assegurar que a continuidade do financiamento e esforços científicos nesta frente continuarão a ser parte central e coordenada da resposta do Governo dos E.U.

Desde o início do surto, o Departamento de Estado e a USAID forneceram quase US$ 400 milhões em toda a África, e essa quantia destina-se a assistência de emergência de saúde, humanitária, económica e de desenvolvimento, especificamente com o objetivo de ajudar os governos, organizações internacionais e ONGs a combater a pandemia do COVID-19.

Sabemos que o financiamento que providenciamos salvará vidas em parceria com os esforços de cada país no continente, melhorando a educação para a saúde pública, protegendo unidades de cuidados de saúde e aumentando a capacidade laboratorial, de vigilância de doenças e de resposta rápida.

Com isto, agradeço-vos e passo a palavra ao meu colega, Chris Runyan. Chris, é contigo.

Sr. Runyan:  Obrigado, Ken. É um prazer falar com repórteres de muitos dos países parceiros com que temos trabalhado em África. Como muitos de vós já sabem, muito antes do COVID-19 aparecer nas vossas comunidades, os Estados Unidos, através da USAID, haviam mostrado o nosso compromisso com o povo africano. A relação entre a América e África é forte e, no que toca à atual crise do COVID-19, a resposta do Governo dos E.U. assenta numa base de décadas de apoio em todo o continente.

Os Estados Unidos investiram mais de US$ 60 biliões nos últimos 20 anos para apoiar a saúde pública no continente africano – de longe, a maior contribuição dada por alguma nação doadora. Formámos mais de 285.000 profissionais de saúde e estabelecemos parcerias com ministérios da saúde, hospitais e centros de saúde nas aldeias, em todo o continente. Só no Ano Fiscal de 2019, a USAID e o Departamento de Estado forneceram US$ 8,3 biliões em assistência a 47 países na África subsariana.

Isso proporciona-nos um conjunto único e poderoso de relações com governos, sociedades civis locais e organizações não governamentais  e comunidades individuais de países africanos que nos conhecem, e conhecem a nossa assistência. As nossas principais preocupações em África neste momento são responder à doença, questões de segurança alimentar e perturbações no acesso a alimentação,  impactos económicos e de emprego e também preocupações em relação a recuos democráticos e à perda do progresso noutros setores de desenvolvimento.

Relativamente à resposta de saúde, poderemos ainda não ter visto a dimensão potencial de um surto na África subsariana. Uma capacidade fraca do sistema de saúde, densidade urbana com saneamento deficiente e outros desafios tornam África particularmente vulnerável a um surto de larga escala. A assistência da USAID foca-se em fortalecer a resposta à pandemia através da comunicação de riscos e mensagens de saúde pública, prevenção de infecções em unidades sanitárias, capacidade laboratorial e de vigilância de doenças, e em muitas outras áreas. Em simultâneo, a USAID continua a construir resiliência noutros programas de saúde, tais como o tratamento para o VIH/SIDA, tuberculose, malária e serviços de saúde maternal e infantil.

No que diz respeito à segurança alimentar, estamos cada vez mais preocupados com o acesso a alimentos. As áreas urbanas preocupam-nos particularmente devido aos problemas de instabilidade que uma crise de acesso a alimentos poderia provocar. Também há sérias preocupações relativamente à subnutrição, e muitas comunidades ou regiões em alguns países de África já enfrentavam desafios de segurança alimentar. Com mais pessoas a perder meio de subsistência, falta de dinheiro, alguns encerramentos de fronteiras e bloqueios às exportações que afetam cadeias de fornecimento, os riscos são reais. Na USAID, estamos a adaptar os nossos programas e a juntar de forma inteligente os nossos esforços de ajuda humanitária alimentar à assistência tradicional de desenvolvimento.

Relativamente aos impactos económicos, é impossível prever todos os potenciais impactos económicos na África subsariana, mas sabemos que o investimento de capital e outros desaceleraram ou sofreram um recuo. O preço dos produtos mantém-se baixo em setores-chave dos quais vários países africanos dependem para as receitas governamentais, e que confinamentos e outras restrições causam um forte impacto em lares que dependem de remunerações diárias. Enquanto agência de desenvolvimento, estamos a usar os dados mais confiáveis para tomar decisões informadas.

Sobre os recuos democráticos e outras áreas de desenvolvimento, estamos preocupados por alguns regimes africanos usarem o COVID-19 para restringir ainda mais o espaço democrático e limitar a liberdade de imprensa. Estas tendências perturbadoras incluem o cancelamento ou adiamento de eleições, repressão de grupos específicos de população e aumento de violência de género e criminal. Além disso, extremistas violentos tentam tirar vantagem da pandemia para recrutar e testar a fraca capacidade governamental africana e cisões relativamente ao foco na resposta à pandemia.

Entre os nossos esforços incluem-se o foco na assistência para desenvolver planos nacionais de ação contra o COVID-19, políticas eficazes para a resposta à pandemia,  melhorias das comunicações governamentais e responsabilização dos serviços sociais. O COVID-19 tem certamente amplos impactos na pobreza em África e a USAID fará tudo o que puder para mitigar a perda de ganhos de desenvolvimento e para que sair do COVID-19 preparada para impulsionar novamente o desenvolvimento.

A nossa abordagem continuará a enfatizar a boa governação, o aumento do comércio e investimento, a melhoria do empreendedorismo de jovens e mulheres e o aumento da segurança. Nunca se deve subestimar a resiliência africana, mas também não devemos tomá-la por certa, e sabemos que a grande criatividade e empenho ainda persistem.

Muito obrigado.